Reforma da Previdência: Iprev-DF debate os impactos financeiros e atuariais de ações no STF
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Transmissão ao vivo foi realizada pelo YouTube da TV Sindireta
Transmissão ao vivo foi realizada pelo YouTube da TV Sindireta
Texto: Patrícia Kavamoto | Edição: Jucélio Duarte
O Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev-DF) participou, na última sexta-feira (9), de debate ao vivo no canal do YouTube da TV Sindireta, sobre os impactos financeiros e atuariais das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), que estão em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Diferentes entidades protocolaram Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) que questionam dispositivos específicos da Reforma da Previdência, instituída pela Emenda Constitucional 103/2019. Assim, o STF chamou a decisão geral para os ministros, agrupando as diversas ADIs em um único julgamento. Entre os pontos em análise estão a alíquota progressiva para servidores públicos, os novos critérios para cálculo de pensão por morte e a contribuição de inativos e pensionistas.
Um dos artigos questionados é o 149, § 1º, cujo dispositivo legal estabelece que, em caso de déficit atuarial, a contribuição ordinária pode incidir sobre o valor dos proventos de aposentadorias e pensões que superem o salário mínimo.
Na hipótese de o artigo ser considerado inconstitucional, a contribuição incidirá sobre os valores que superam o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Essa possibilidade tem gerado preocupação entre os dirigentes dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), pois pode provocar um impacto financeiro e atuarial do sistema previdenciário de todos os estados brasileiros. Dessa forma, o julgamento em conjunto pelo STF das diversas ADIs – ajuizadas contra a reforma previdenciária introduzida pela Emenda Constitucional nº 103/2019, tem pautado as preocupações dos dirigentes dos RPPS em relação à sustentabilidade econômica, financeira e atuarial do sistema.
Questionada, durante o debate na TV Sindireta, sobre o impacto dessa medida nos cofres públicos do Distrito Federal, caso o STF julgue o artigo inconstitucional, a diretora-presidente do Iprev-DF, Raquel Galvão, alertou: “Se o RPPS-DF perder a contribuição dos nossos aposentados, vamos ter um déficit mensal aproximado em R$ 39 milhões/mês. No ano, ultrapassa a barreira dos R$ 480 milhões. Isso para o nosso Tesouro é complicado, porque ele acaba tendo que se desgastar mais com a previdência. Então é algo que a gente imagina: até onde estamos pensando no princípio da solidariedade?”.
“Quando o legislador pensou na inclusão do aposentado e do pensionista, ele pensou na inclusão da efetiva ação do princípio da solidariedade. A gente entende que existe sim um salário mínimo muito pequeno no Brasil. E o nosso servidor, nosso segurado sofre os impactos de forma muito precisa. Por outro lado, eu também tenho que pensar na previdência, por ser uma questão a longo prazo.. Por exemplo, uma pessoa que acabou de entrar no serviço público como, por exemplo, os concursados do Iprev, que daqui a 35 ou 37 anos vão se aposentar. Será que até lá a gente vai ter como pagar o benefício deles? E o papel do RPPS é garantir que isso ocorra”, ressaltou Raquel.
Reunião avalia futuro
Com o objetivo principal de discutir as questões relacionadas ao julgamento e os impactos financeiros e atuariais das ADIs, foi realizado o 2º Congresso de Entidades Estaduais de RPPS, no último dia 25, em Cuiabá-MT. O evento contou com a participação de 24 representantes dos RPPS dos estados brasileiros, incluindo a diretora-presidente do Iprev-DF, Raquel Galvão.
Durante o congresso, os dirigentes dos RPPS elaboraram nota técnica contendo um estudo aprofundado sobre os possíveis impactos financeiros das mudanças previdenciárias nas contas estaduais decorrentes da ADIs. Este documento será entregue a todos os governadores do país, destacando as preocupações e propondo soluções para mitigar os efeitos das alterações na reforma da Previdência, garantindo a sustentabilidade dos RPPS.